Não admitimos o ódio quando amamos. Somente admitimos quando separamos. Por isso
que é incompreensível a mudança radical de opinião da ex. De um dia para
outro.
Ela não mudou, escondeu. Não foi coroada por uma epifania, muito
menos decidiu ouvir suas amigas.
O ódio já existia durante o
relacionamento, fazia suas economias, seus investimentos, separava frases,
ofensas e diálogos para fundamentar a distância. Ela é que não confessou por
medo de ser inconveniente ou para se preservar e não ser taxada de
neurótica.
Se não agimos com naturalidade com os nossos pensamentos, como
seremos espontâneos?
Ao não estragar o momento, estragamos - num único
rasgo - a vida inteira a dois. O que deixamos de contar nos enfraquece e será
cobrado igual, com a mesma severidade se fosse usada a
franqueza.
Censurar o ódio é anular parte do amor e de sua revanche. Quem
nunca diz que odeia reprime a própria cura. Adoece o quarto e contaminas as
roupas.
Partilhar a raiva é a maior demonstração de ternura que conheço.
É permitir que o par cuide e conheça nossa vulnerabilidade. Só o maniqueísmo não
sente vergonha. Só a perfeição não pode se apaixonar.
Eu tenho ganas de
destruir minha namorada, raivas de aniquilar, vontade de abrir suas córneas e
beber seu passado. Não é sentimento vão e passageiro, desejo que desapareça de
minha frente para chamá-la em seguida com todo o desespero. Para perdoá-la, eu
me perdôo primeiro. Aceito minhas maldades imaginárias.
Amor pleno é
quando o ódio termina também sendo correspondido.
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