domingo, 21 de abril de 2013

Dança do ventre e o papel social.

 


"As artes são sempre citadas como uma forma de inclusão social. Não raro, o balé, a dança contemporânea e a dança de rua figuram entre as principais modalidades exploradas por organizações não-governamentais que tem na arte e na cultura suas principais ferramentas de trabalho. O glamour, o luxo e o brilho muitas vezes espalhados aos quatro cantos por praticantes ...e escolas de Dança do Ventre acabam tirando do campo de visão de muitos profissionais e possíveis praticantes as possibilidades terapêuticas e principalmente sociais que a dança traz.

Não cabem aqui discursos hipócritas que falam sobre um mundo que vive sob direitos iguais entre homens e mulheres, pois as mulheres continuam ganhando menos, tendo menos posições em cargos diretivos e, em alguns casos, estudando menos anos na escola.
 
 Em camadas bastante privilegiadas da população, a diferença é pequena. Quanto menor o privilégio, maior essa disparidade e, com isso, maiores as questões emocionais com as quais são obrigadas a lidar.

A prática da Dança do Ventre reconstrói essa autoestima ferida pelo tempo e pelas dificuldades da vida. Ao se olhar no espelho ao longo dos minutos de aula é visível no olhar de cada uma a descoberta diária em cada nova ondulação, cada curva e cada batida que seu corpo pode mostrar. É pelo corpo que essas mulheres exprimem de forma silenciosa o que uma espécie de mordaça social calou. Seja sua sensualidade, seu espírito de romantismo, seu lado de “moleca” ou mesmo a sua diva interior. As batidas agressivas viram formas de exprimir seus retornos às adversidades da vida e, aos poucos, o equilíbrio vai voltando a reinar. Mente sã finalmente encontra-se com o corpo são.

Os espaços que atendem a comunidades carentes, muitas vezes são povoados por mulheres vítimas de violências. Seja violência moral ou física, em ambiente doméstico ou de trabalho, o fato é que a maioria passa por abusos e condições de difícil sobrevivência sadia. Nesses espaços livres, as marcas expostas de seus corpos e suas almas passam despercebidas por elas mesmas na beleza da sinuosidade dos movimentos, nos redondos de quadris e flutuações de braços. É o momento de esquecer da dor e entender que aquilo que elas vêem no espelho e sentem em seus corações as pertencem e são de seu total domínio.

Nesse formato, elas reagem de forma mais afirmativa como donas de seus corpos, suas mentes e seus destinos. As experiências com a auto observação e a consciência corporal levam a uma autodeterminação física e intelectual que contribuem para o aumento da consciência de seu papel social como mulher, profissional e, principalmente, como indivíduo atuante em suas comunidades e na sociedade como um todo."
 
Texto escrito por Bárbara Ladeia Dançarina (28511/SP) e professora de Dança do Ventre da AEB (Associação Evangélica Beneficente) e publicado no site
http://www.centraldancadoventre.com.br/

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