... Nem tentou enganar-se. Sabia que era pecado e pecou deliberadamente quando sucumbiu a um maligno doce de quinze centavos. Guardou dez centavos para uma futura orgia; mas, como não estava acostumado a carregar dinheiro, perdeu os dez centavos. Isso aconteceu na época em que estava sofrendo todos os tormentos da sua consciência e foi para ele um ato de graça divina. Possuia a impressão ameaçadora da proximidade de um Deus terrível e raivoso. Deus o vira e Deus o punira rapidamente, privando-o até das plenas recompensas de seu pecado. Na memória sempre se referia a esse acontecimento como o grande ato criminoso da sua vida e ao recordar, sua consciência sempre se espetava de remorsos. Era o esqueleto no seu armário. E também sendo tão severo e circunspecto ele o recordava com imenso desgosto. Ficara insatisfeito com o modo como tinha gasto aqueles vinte e cinco centavos. Poderia tê-los investido melhor e, ciente da rapidez do castigo divino, teria deixado Deus para trás gastando os vinte e cinco centavos imaginariamente pelo menos um milhão de vezes, cada vez com maior proveito e vantagens...
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