quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vida louca, vida breve...

Agenor com A de ariano, ariano como eu, exagerado como eu, coisa pouca perto da imensidão de verdades que ele proferiu nesses breves 32 anos de existência . Tentar definir ou analisar cazuza é desperdiçar o seu mel, esses trechos que escrevo não fazem parte da ousadia de uma homenagem, mas uma boa lembrança, de coisas que a humanidade não poderia deixar morrer. Poeta amaldiçoado e incompreendido como muitos, beija-flor que exala rebeldia e transpira a transgressão do seu tempo. Te xingam e te chamam de bicha e maconheiro mas continuam, cazuza, transformando o mundo inteiro num puteiro, pois ainda sim eles continuam a ganhar mais dinheiro, pra outros nas noites de frio é melhor nem nascer e nas de calor continuam a matar e a morrer. Cazuza, cansado de correr em direção contrária, transformava sua dor em melodia  vendo beleza na melancolia, porque a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer. A vida louca levou cazuza e aqui nós continuamos cansados de tanta babaquice, de tanta caretice e da eterna falta do que falar. O “crime” não compensou, podem vir outros cazuzas, outros Renatos, outros Rauls, é a mesma vida sempre igual, de algumas vidas sem sentidos. Inventou estilos, rasgou máscaras, expôs alma e enganou o tédio. Poisé cazuza, continua tudo fora do lugar, café sem açúcar e dança sem par, ainda bem que você veio nos contar a “estória romântica” de que o nosso amor a gente inventa. Mas todo dia é dia e tudo em nome do amor, essa é a vida que eu também quis. Poderia continuar aqui a fazer mais mil paralelos entre eu e você, vou me saindo daqui com a sensação de que continuamos nadando contra a corrente só pra exercitar, mas acredito que ainda estão rolando os dados, pois o tempo, o tempo não para...

“Espero que, no futuro, não esqueçam do poeta que sou. Que as pessoas não se esqueçam de que, mesmo num mundo eletrônico, o amor existe. Existe o romance e a poesia.” 

*Festival Mixto Quente, em 1986

Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que que a gente é assim?
Agora fica comigo
E vê se não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Mas não me mastiga assim
Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que que a gente é assim?
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Baby, por que a gente é assim?
Você tem exatamente
Três mil horas pra parar de me beijar
Hum, meu bem, você tem tudo, tudo
Pra me conquistar
Mas você tem apenas um segundo
Um segundo pra aprender a me amar
Você tem a vida inteira, baby, a vida inteira
Pra me devorar
Pra me devorar!
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?

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