segunda-feira, 30 de abril de 2012




O que será que me dá, que me prende ao Chico, será que me dá
Que me corta o peito ao me entrelaçar
Que salta da minha alma como a me advinhar
Que sempre me traduz e ninguém fazia
Que está presente em todas e não devia
Que está ao meu redor em todas as poesias
E que não me cansa de admirar
Que até o pai-eterno há de se enciumar
Com tanta reverência a esta cria
Com tanta revelia das cicatrizes
Com tantos desamores em versos e prosas
Com tanta melodia brotando aos poros

O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo...

Bruna.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A mais bela flor





O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho. Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante chegou, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pedente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei:
Na sua mão uma flor. Que visão lamentável! Pétalas caidas, pouca água ou luz. Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei. Mas, ao invés de recuar, ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo e é bonita também...por isso a peguei; ei-la, é sua.
A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la ou ele jamais sairia de lá. Então me estendi para pegá-la e respndi:
- O que precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela minha primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos. Ouvi minha voz sumir, lágrimas despontarem ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.
- De nada, ele sorriu.
E então, voltou a brincar, sem perceber o impacto que causou ao meu dia. Sentei-me e me pus a pensar como ele conseguiu enxergar um homem autopiedoso sob um velho carvalho. Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo e sim EU. E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu. E então levei aquele feia flor ao meu nariz e senti a fragância de uma bela rosa e sorri, enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos, prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A convivência

Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem ás condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porco-espinho, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a se juntar mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém a vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhe forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito...Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos, assim suportaram-se resistindo à longa era glacial.

sábado, 21 de abril de 2012

Once Upon a Long Ago


Jefferson Airplane - Somebody to Love

Um provável devaneio

Boas e bobas são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que crianças pregam uma nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: eu estou pensando em você e o telefone toca e corta meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos, melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa Lobos, mais perto de Mozart que Wagner, Mais chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win winders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues. Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tola, meio melodramática e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo e você deita a cabeça no meu, tanto faz e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão e eu toco na sua. Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Baila Comigo!

Se Deus quiser
Um dia eu quero ser índio
Viver pelado
Pintado de verde
Num eterno domingo
Ser um bicho preguiça
Espantar turista

E tomar banho de sol
Banho de sol!
Banho de sol!
Sol!...


Se Deus quiser
Um dia acabo voando
Tão banal assim
Como um pardal
Meio de contrabando
Desviar do estilingue
Deixar que me xingue

E tomar banho de sol
Banho de sol!
Banho de sol!
Banho de sol!...


Baila Comigo!
Como se baila na tribo
Baila Comigo!
Lá no meu esconderijo
Ai! Ai! Ai!
Baila Comigo!
Como se baila na tribo
Oh! Oh! Baila ba, ba
Baila Comigo!
Lá no meu esconderijo...


Se Deus quiser
Um dia eu viro semente
E quando a chuva
Molhar o jardim
Ah! Eu fico contente
E na primavera
Vou brotar na terra

E tomar banho de sol
Banho de sol!
Banho de sol!
Sol!...


Se Deus quiser
Um dia eu morro bem velha
Na hora "H"
Quando a bomba estourar
Quero ver da janela
E entrar no pacote
De camarote...


E tomar banho de sol
Banho de sol!
Banho de sol!
Banho de sol!...

Baila Comigo!
Como se baila na tribo

Baila Comigo!
Lá no meu esconderijo...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Requiém para uma flor

Fruto do mundo
Somos os homens
Pequenos girassois
Dos que mostram a cara
E enorme as montanhas
Que não dizem nada


Incapaces los hombres
Que hablam de todo
Y sufrem callados


A madre da escola te ensina,
A reconhecer o pecado,
E o que você sente é ruim
Mas, baby, baby, Deus não é tão mal assim...


Não dá ouvido à razão, não!
Quem manda é seu coração...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Se alguém disser pra você não cantar
Deixar teu sonho ali pr'uma outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo deus adora
Se alguém disser pra você não dançar
E que nessa festa você tá de fora
Que volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora..."

Acordar cedo é inconstitucional!!

domingo, 15 de abril de 2012

Na terra do coração passei o dia pensando - coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor - sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming I, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças na janela, rapazes pela praça, tules violetas sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra de asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: "Im too pure for you or anyone". Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam destruindo tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome. Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos - ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Veja. Levam junto quem me ama, me levam junto também.Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso.

Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.


— Quem não procura, não sente falta, moço.

— Engano seu, pequena. A nostalgia tortura e todo dia o coração implora pedindo pra voltar.

— Porque não volta, então?

— A saudade é grande, mas o orgulho é ainda maior, menina.

Não funciona...




- Não funciona
- Não funciona
- Não funciona
Por fim, Mafalda assiste a placa ser colocada em um telefone público e pensa:
 " achei que ele ia pendurar a placa na humanidade "

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A vida não pára...



Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...
A vida não para...

O silêncio das estrelas



Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, de mais...
Afinal, como estrelas que brilham em paz, em paz...

Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais...



segunda-feira, 9 de abril de 2012

Relendo minhas transcrições de sessões e percebi que talvez não tivesse naquele momento me dado conta de tanta coisa bonita que eu já ouvi....e delas faço as minhas palavras...

Um paciente x chegou e disse mais ou menos isso:

- "Sabe, a diferença pra mim entre você e a telepatia é que aqui tu consegue captar minhas energias, emoções e sensações, diferente da telepatia que transporta paredes, eu preciso vir aqui e falar e falar e falar mas no final tu sempre me traduz.."

pra ele em nota escrevi logo abaixo na transcrição: é a diferença é essa mesmo! Aqui não há superpoderes, nem deuses, a telepatia transporta paredes, mas o que eu preciso é somente, ouvi-lo, ouvi-lo e ouvi-lo!

Outra, pra fechar a noite com este presente que li assim, tão à toa hoje:

"em meio à escuridão a luz propaga sua força né..."

Essa veio depois de uma longa interrupção da psicoterapia, o retorno e vontade de dar continuidade ao processo, ciente das dores com as quais conviverá foi a etapa mais feliz que ja vi em meu pouquissimo tempo de atendimentos...

E foi como ganhar o dia sabe...as pessoas as vezes são tão bonitas...e não imaginam o quanto podem ser....



 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Blues da Piedade

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas



Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm



Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia



Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada



Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Vida louca, vida breve...

Agenor com A de ariano, ariano como eu, exagerado como eu, coisa pouca perto da imensidão de verdades que ele proferiu nesses breves 32 anos de existência . Tentar definir ou analisar cazuza é desperdiçar o seu mel, esses trechos que escrevo não fazem parte da ousadia de uma homenagem, mas uma boa lembrança, de coisas que a humanidade não poderia deixar morrer. Poeta amaldiçoado e incompreendido como muitos, beija-flor que exala rebeldia e transpira a transgressão do seu tempo. Te xingam e te chamam de bicha e maconheiro mas continuam, cazuza, transformando o mundo inteiro num puteiro, pois ainda sim eles continuam a ganhar mais dinheiro, pra outros nas noites de frio é melhor nem nascer e nas de calor continuam a matar e a morrer. Cazuza, cansado de correr em direção contrária, transformava sua dor em melodia  vendo beleza na melancolia, porque a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer. A vida louca levou cazuza e aqui nós continuamos cansados de tanta babaquice, de tanta caretice e da eterna falta do que falar. O “crime” não compensou, podem vir outros cazuzas, outros Renatos, outros Rauls, é a mesma vida sempre igual, de algumas vidas sem sentidos. Inventou estilos, rasgou máscaras, expôs alma e enganou o tédio. Poisé cazuza, continua tudo fora do lugar, café sem açúcar e dança sem par, ainda bem que você veio nos contar a “estória romântica” de que o nosso amor a gente inventa. Mas todo dia é dia e tudo em nome do amor, essa é a vida que eu também quis. Poderia continuar aqui a fazer mais mil paralelos entre eu e você, vou me saindo daqui com a sensação de que continuamos nadando contra a corrente só pra exercitar, mas acredito que ainda estão rolando os dados, pois o tempo, o tempo não para...

“Espero que, no futuro, não esqueçam do poeta que sou. Que as pessoas não se esqueçam de que, mesmo num mundo eletrônico, o amor existe. Existe o romance e a poesia.” 

*Festival Mixto Quente, em 1986

Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que que a gente é assim?
Agora fica comigo
E vê se não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Mas não me mastiga assim
Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que que a gente é assim?
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Baby, por que a gente é assim?
Você tem exatamente
Três mil horas pra parar de me beijar
Hum, meu bem, você tem tudo, tudo
Pra me conquistar
Mas você tem apenas um segundo
Um segundo pra aprender a me amar
Você tem a vida inteira, baby, a vida inteira
Pra me devorar
Pra me devorar!
Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?

terça-feira, 3 de abril de 2012


Querido Diário,

Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
 
Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva, buzinas, sirenes, estardalhaço
 
Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração...