quarta-feira, 21 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Paraísos Artificiais
Baudelaire, chamou-as de paraísos artificiais, as satisfações momentâneas que os homens buscavam para fugir da mediocridade existencial a que a grande maioria estava condenada, mesmo que o despertar daquele fugaz momento "edênico" tivesse horríveis conseqüências. Foi um dos primeiros poetas a escrever ensaios sobre as sensações de uso de entorpecentes.
O que interessa observar é a insinuação de Baudelaire de que a busca pelas drogas atende a uma real compulsão humana em querer atingir algum tipo de éden, ou nirvana, eu diria um alívio imediato, como diz Humberto Gessinger, ainda que seja pela via farmacêutica e cobre um grande desalento. A falsa gratificação psicológica que a religião provoca estaria sendo substituída pelos efeitos deletérios das drogas. A isto soma-se uma visão, tipicamente moderna, de um mundo materialista e não-transcendente que se ofusca em uma idéia de Deus...
Com Engenheiros do hawaí de trilha sonora...
O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom
Que a chuva caia
Como uma luva
Um diluvio
Um delírio
Que a chuva traga
Alivio imediato
Que a noite caia
De repente caia
Tão demente
Quanto um raio
Que a noite traga
Alivio imediato
Há espaço pra todos, há um imenso vazio
Nesse espelho quebrado por alguém que partiu
A noite cai de alturas impossíveis
E quebra o silencio e parte o coração
Há um muro de concreto entre nossos lábios
Há um muro de Berlim dentro de mim
Tudo se divide, todos se separam
Duas Alemanhas, duas Coreias
Tudo se divide, todos se separam
Que a chuva caia
Como uma luva
Um diluvio
Um delírio
Que a chuva traga
Alivio imediato
Que a noite caia
De repente caia
Tão demente
Quanto um raio
Que a noite traga
Alivio imediato...
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Pude bem cedo conhecer melhor aquela flor. Sempre houvera, no planeta do pequeno príncipe, flores muito simples, ornadas de uma só fileira de pétalas, e que não ocupavam lugar nem incomodavam ninguém. Apareciam certa manhã na relva, e já à tarde se extinguiam. Mas aquela brotara um dia de um grão trazido não se sabe de onde, e o principezinho vigiara de perto o pequeno broto, tão diferente dos outros. Podia ser uma nova espécie de baobá. Mas o arbusto logo parou de crescer, e começou então a preparar uma flor. O principezinho, que assistia à instalação de um enorme botão, bem sentiu que sairia dali uma aparição miraculosa; mas a flor não acabava mais de preparar-se, de preparar sua beleza, no seu verde quarto. Escolhia as cores com cuidado. Vestia-se lentamente, ajustava uma a uma sua pétalas. Não queria sair, como os cravos, amarrotada. No radioso esplendor da sua beleza é que ela queria aparecer. Ah! Sim. Era vaidosa. Sua misteriosa toalete, portanto, durara dias e dias. E eis que uma bela manhã, justamente à hora do sol nascer, havia-se, afinal, mostrado.
E ela, que se preparava com tanto esmero, disse, bocejando:
- Ah! Eu acabo de despertar… Desculpa… Estou ainda toda despenteada…
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol…
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!
- Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim…
E o principezinho, embaraçado, fora buscar um regador com água fresca, e servira à flor.
Assim, ela o afligira logo com sua mórbida vaidade. Um dia por exemplo, falando dos seus quatro espinhos, dissera ao pequeno príncipe:
- É que eles podem vir, os tigres, com suas garras!
- Não há tigres no meu planeta, objetara o principezinho. E depois, os tigres não comem erva.
- Não sou uma erva, respondera a flor suavemente.
- Perdoa-me…
- Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Não terias acaso um pára-vento?
“Horror das correntes de ar… Não é muito bom para uma planta, notara o principezinho. É bem complicada essa flor…”
- À noite me colocarás sob a redoma. Faz muito frio no teu planeta. Está mal instalado. De onde eu venho…
Mas interrompeu-se de súbito. Viera em forma de semente. Não pudera conhecer nada dos outros mundos. Humilhada por se ter deixado apanhar numa mentira tão tola, tossiu duas ou três vezes, para pôr a culpa no príncipe:
- E o pára-vento?
- Ia buscá-lo. Mas tu me falavas…
Então ela redobrara a tosse para infligir-lhe remorso.
Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
“Não a devia ter escutado – confessou-me um dia – não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, me devia ter enternecido…”
Confessou-me ainda:
“Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava… Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.”
A rosa do Pequeno Príncipe.
E ela, que se preparava com tanto esmero, disse, bocejando:
- Ah! Eu acabo de despertar… Desculpa… Estou ainda toda despenteada…
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- Não é? Respondeu a flor docemente. Nasci ao mesmo tempo que o sol…
O principezinho percebeu logo que a flor não era modesta. Mas era tão comovente!
- Creio que é hora do almoço, acrescentou ela. Tu poderias cuidar de mim…
E o principezinho, embaraçado, fora buscar um regador com água fresca, e servira à flor.
Assim, ela o afligira logo com sua mórbida vaidade. Um dia por exemplo, falando dos seus quatro espinhos, dissera ao pequeno príncipe:
- É que eles podem vir, os tigres, com suas garras!
- Não há tigres no meu planeta, objetara o principezinho. E depois, os tigres não comem erva.
- Não sou uma erva, respondera a flor suavemente.
- Perdoa-me…
- Não tenho receio dos tigres, mas tenho horror das correntes de ar. Não terias acaso um pára-vento?
“Horror das correntes de ar… Não é muito bom para uma planta, notara o principezinho. É bem complicada essa flor…”
- À noite me colocarás sob a redoma. Faz muito frio no teu planeta. Está mal instalado. De onde eu venho…
Mas interrompeu-se de súbito. Viera em forma de semente. Não pudera conhecer nada dos outros mundos. Humilhada por se ter deixado apanhar numa mentira tão tola, tossiu duas ou três vezes, para pôr a culpa no príncipe:
- E o pára-vento?
- Ia buscá-lo. Mas tu me falavas…
Então ela redobrara a tosse para infligir-lhe remorso.
Assim o principezinho, apesar da boa vontade do seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
“Não a devia ter escutado – confessou-me um dia – não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras, que tanto me agastara, me devia ter enternecido…”
Confessou-me ainda:
“Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava… Não devia jamais ter fugido. Devia ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.”
A rosa do Pequeno Príncipe.
Humano, demasiado humano.
[Alegria da Velhice]
O pensador ou o artista que guardou o melhor de si em suas obras sente uma alegria quase maldosa, ao olhar seu corpo e seu espírito sendo alquebrados e destruídos pelo tempo, como se de um canto observasse um ladrão a arrombar seu cofre, sabendo que ele está vazio e que os tesouros estão salvos.
[O prazer no absurdo]
Como pode o homem ter prazer no absurdo? Onde que que haja risos no mundo, isto acontece; pode-se mesmo dizer que, em quase toda parte onde existe felicidade, existe o prazer no absurdo. A inversão da experiência em seu contrário, do que tem finalidade no que não tem, do necessário no arbitrário, mas de modo que este processo não cause nenhum mal e seja concebido apenas por exuberância - isso deleita, pois nos liberta momentaneamente da coerção do necessário, do apropriado e experimentado, que costumamos ver como nossos senhores implacáveis; brincamos e rimos quando o inesperado (que geralmente amedronta e inquieta) se desencadeia sem prejudicar.
[Livros que ensinam a dançar]
Há escritores que por apresentarem o impossível como possível e falarem do moral e do genial como se ambos fossem apenas um capricho, um gosto, provocam um sentimento de liberdade exuberante, como se o homem se colocasse nas pontas dos pés e tivesse que absolutamente dançar por prazer interior.
Trechos destacados de: Humano, demasiado humano.
O pensador ou o artista que guardou o melhor de si em suas obras sente uma alegria quase maldosa, ao olhar seu corpo e seu espírito sendo alquebrados e destruídos pelo tempo, como se de um canto observasse um ladrão a arrombar seu cofre, sabendo que ele está vazio e que os tesouros estão salvos.
[O prazer no absurdo]
Como pode o homem ter prazer no absurdo? Onde que que haja risos no mundo, isto acontece; pode-se mesmo dizer que, em quase toda parte onde existe felicidade, existe o prazer no absurdo. A inversão da experiência em seu contrário, do que tem finalidade no que não tem, do necessário no arbitrário, mas de modo que este processo não cause nenhum mal e seja concebido apenas por exuberância - isso deleita, pois nos liberta momentaneamente da coerção do necessário, do apropriado e experimentado, que costumamos ver como nossos senhores implacáveis; brincamos e rimos quando o inesperado (que geralmente amedronta e inquieta) se desencadeia sem prejudicar.
[Livros que ensinam a dançar]
Há escritores que por apresentarem o impossível como possível e falarem do moral e do genial como se ambos fossem apenas um capricho, um gosto, provocam um sentimento de liberdade exuberante, como se o homem se colocasse nas pontas dos pés e tivesse que absolutamente dançar por prazer interior.
Trechos destacados de: Humano, demasiado humano.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
"O queridinho dos pós-modernos"
"...Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os pedaços de carne que tirava em suas tenazes duas ou três vezes do mesmo lado ao torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um escudo de seis libras. Depois desses suplícios, Damiens, que gritava muito sem contudo blasfemar, levantava a cabeça e se olhava; o mesmo carrasco tirou com uma colher de ferro do caldeirão daquela droga fervente e derramou-a fartamente sobre cada ferida. Em seguida, com cordas menores se ataram as cordas destinadas a atrelar os cavalos, sendo estes atrelados a seguir a cada membro ao longo das coxas, das pernas e dos braços.” Capítulo 1


Sádico ou não, Foucalt dá um show nessa obra-prima trazendo uma análise historica, sociológica e filosófica do nascimento dos sistemas de punição. E falar em punição no Brasil é fácil e agrada à todos, a nossa sociedade adora uma punição e para tudo há centenas de leis, lógico até nisso o brasileiro imita o americano, que aprova em aproximadamente cerca de 50 estados a pena de morte, viva o American Way of Life, ou pior, American way of to kill. Como se não bastassem as grifes, marcas, comidas e esse monte de supérfluo tolo que a gente importa. Desculpem-me não teve como segurar a alfinetada, saindo desse momento EUA após o tão comentado 11 de setembro, o que Foucault nos traz, não é uma opnião do que para ele é melhor, correto ou não, mas sim uma análise dessa perspectiva de que o nosso sistema compõe um outro sistema mais vasto e mais complexo que é o sistema punitivo. Nossa! E como não nos damos conta disso no nosso dia-dia!! Foucault abre o livro com essa descrição crua de um suplício.
Para ele, os asilos, orfanatos, hospícios, colégios, reformatórios, usinas e prisões, todas essas instituições, fazem parte de uma espécie de grande forma social do poder, e que deu subsídios necessários para o nascimento de uma sociedade industrial, ou, a continuidade dela com o sistema capitalista. Me delicio toda vez que tenho que fazer alguma resenha ou alguma disciplina da faculdade, como por exemplo a que estou fazendo de Psicologia, Organizações e Instituições Sociais, onde eu volto e pego o Focault novamente. Está explícito aqui agora um pouco da minha admiração por este "queridinho dos pós-modernos" entre aspas mencionando a forma como os críticos deploram os foucaultianos rsrs.
Bruna Ramos.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
"Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
a lição sabemos de cor
só nos resta aprender..."
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Frágil e Extraordinário
- O que está fazendo, Fellini?
- Às vezes gosto de ficar um tempo observando o mundo e ver como tudo é frágil e extraordinário.
:)
Viva La Vida - Alternative
Qualquer semelhança não é mera coincidência é pura homenagem.
Cris Martin (Coldplay) de Daniel Gahan (Depeche Mode)...
Lindo o clipe de Enjoy The Silence com Depeche Mode, postei abaixo com a versão de Wrecked Machines, porque também gosto dessa. E evidente que também de Coldplay! Eles fizeram esse clipe alternativo em 2008 em homenagem ao D.M mas somente agora que fui descobrir. Então, só me resta enjoy it! :)
Está lançado o evento maior da Gestalt-terapia brasileira em 2011, o XIII Encontro Nacional de Gestalt-terapia e X Congresso Brasileiro da Abordagem Gestáltica.
Organizado pela comunidade gestáltica de São Paulo, o evento está acontecendo entre 07 e 10 de setembro de 2011, desta quarta-feira (amanhã) a sábado, na Estância de São Pedro - SP.
O tema do congresso é “Ser Humano”. Verbo e substantivo, ação e presença. Comemorando também as seis décadas da Gestalt-terapia, uma abordagem que amadurece através de constantes atualizações e ajustamentos criativos.
http://www.pol.org.br/
Organizado pela comunidade gestáltica de São Paulo, o evento está acontecendo entre 07 e 10 de setembro de 2011, desta quarta-feira (amanhã) a sábado, na Estância de São Pedro - SP.
O tema do congresso é “Ser Humano”. Verbo e substantivo, ação e presença. Comemorando também as seis décadas da Gestalt-terapia, uma abordagem que amadurece através de constantes atualizações e ajustamentos criativos.
http://www.pol.org.br/
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída, não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
Naquela mesa ta faltando ele
E a saudade dele ta doendo em mim
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