
Bom, ontem, dia 05 de fevereiro completaram-se 25 anos da morte de Carl Rogers. Para mim um marco, uma perda, uma história que modifica, que me influencia, engrandesce e contribui. A sua obra e as suas ideias nos múltiplos campos do humano são incontornáveis e parece-nos poder afirmar que não há nenhum psicólogo, psicoterapeuta ou pedagogo de qualquer escola ou tendência, que não se tenha já deparado, num momento ou noutro da sua formação, com algum dos textos ou alguma referência ao trabalho desenvolvido pelo autor.
Quer se trate de uma orientação não-diretiva em Psicoterapia, de Terapia Centrada no Cliente, de Abordagem Centrada na Pessoa, de Pedagogia Centrada no Aluno, ou Experiencial, de Grupos de Encontro, de Gestão de Recursos Humanos ou de Gestão de Empresas, de Mediação de Conflitos Sociais, Políticos ou Raciais, a sua ação ao longo deste século foi de um contínuo empenho no caminho da liberdade e da libertação das forças que no ser humano são motoras de atualização de potencialidades.
Com a publicação do seu primeiro livro "O tratamento clínico da criança-problema" começa a ser reconhecido na qualidade de psicólogo clínico e é convidado para lecionar na Universidade de Estado do Ohio, a cadeira de "Técnicas de Psicoterapia". Não deixando de referir os modelos mais importantes em psicoterapia e aconselhamento, tem a possibilidade de explicitar a sua abordagem terapêutica numa perspectiva que ele considera mais genericamente como "as novas" ou "mais recentes terapias" e que define, por oposição às "antigas", como sendo centrada sobre a expressão, a auto-aceitação, a tomada de consciência e a relação terapêutica, e não sobre a análise do passado, a sugestão ou a interpretação.
Aos 70 anos, Carl Rogers foi o primeiro psicólogo americano a receber os dois maiores títulos da Associação Americana de Psicologia, tanto pela sua contribuição científica como pelo seu contributo profissional. A partir de 1972, dedica-se preferencialmente à intervenção e reflexão sobre os aspectos referentes às áreas do social e do político, explorando as possibilidades criativas que os grupos de encontro oferecem.
Após apresentar o seu modelo de abordagem centrada na pessoa e a sua filosofia de intervenção não só como um modelo de psicoterapia mas também como uma abordagem eficaz em todas as relações humanas, quer elas sejam relações de ajuda, relações pessoais ou políticas. Carl Rogers fica conhecido como "o homem cujo efeito cumulativo na sociedade o tornou num dos revolucionários sociais mais importantes do nosso tempo".
Carl Rogers chegou ao fim da sua vida a um interesse renovado pelo campo do espiritual no homem, mas num espírito de liberdade e de tolerância, muito longe da visão estreita da sua juventude. Com confiança indestrutível num futuro melhor, não ignorando, como ele fez questão de sublinhar em numerosas ocasiões, toda a miséria, dor, sofrimento e mal que nos acompanham na nossa peregrinação. Neste momento de crise econômica, social e humana em que os valores do individual tendem a desaparecer, não em proveito de uma percepção adequada do social, mas do poder macroeconómico em que o indivíduo só é valorizado em termos económicos e que a vida deixou de ter um valor único (vejam os corte nas despesas sociais e de saúde atualmente em todos os países desenvolvidos), a mensagem de Rogers parece-nos de novo indispensável para o retorno ao individual, ao pessoal, mas não num pessoal ou individual que se opõe e é incompatível com o social, mas num individual que dá sentido ao social, num conceito isomórfico de organismo, a todos os níveis de organização, numa posição profundamente ecológica, holística ... e humanista.
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